Criminosos incendeiam ônibus após operação policial que resultou na morte de um jovem em Jacareí

A morte de Kelvin Costa Tabosa, de 19 anos, durante uma operação da Força Tática da Polícia Militar na noite de terça-feira, 24 de junho, desencadeou uma série de protestos violentos em Jacareí, no Vale do Paraíba. Na noite seguinte, quarta-feira, 25 de junho, dois ônibus do transporte coletivo foram incendiados por criminosos armados, em atos considerados uma retaliação à morte do jovem.

De acordo com a PM, Kelvin fugiu após uma tentativa de abordagem no bairro Rio Comprido e, ao se esconder nos fundos de uma residência, teria disparado contra os policiais, que revidaram. Ele foi atingido, socorrido à Santa Casa da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. A ocorrência foi registrada como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial. Nenhum dos policiais usava câmera corporal no momento da ação. Um revólver calibre .38, supostamente usado pelo jovem, foi apreendido.

A versão apresentada pelos agentes, no entanto, é contestada por moradores do bairro. Segundo relatos de testemunhas, Kelvin não estaria armado, o que motivou revolta e levou à organização do protesto que culminou na depredação de ônibus.

Por volta das 18h40 da quarta-feira, cerca de dez criminosos armados interceptaram ônibus das empresas JTU e Valetur. Os motoristas e passageiros foram obrigados a descer dos veículos. Um dos motoristas foi feito refém e forçado a dirigir até a Rodovia Geraldo Scavone, onde os coletivos foram incendiados. O Corpo de Bombeiros controlou as chamas. Ninguém ficou ferido.

Durante patrulhamento na região, a PM prendeu um homem de 25 anos, que estava com uma espingarda calibre 28 com numeração raspada, munições, celular e usava balaclava. Segundo o boletim de ocorrência, o suspeito afirmou informalmente ter recebido R$ 50 para participar do atentado, embora, em depoimento formal, tenha negado o crime.

A Polícia Civil identificou a prática de diversos crimes no episódio: incêndio, dano qualificado, sequestro e cárcere privado, porte ilegal de arma de uso restrito e associação criminosa. Os materiais apreendidos foram encaminhados à perícia. As investigações seguem em andamento para identificar os demais envolvidos.